A UnB Agência encerra aqui a cobertura da 62ª Reunião Anual da SBPC, que ocorreu de 25 a 30 de julho, no campus da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Agradecemos a todos que colaboraram e acompanharam essa viagem pelo mundo da ciência, da cultura e pelos bastidores de um dos maiores eventos científicos da América Latina, que teve como tema Ciências do Mar: Herança para o Futuro.
A próxima parada ocorre em julho de 2011, na Universidade Federal de Goiás (UFG).
Até lá!
sábado, 31 de julho de 2010
No tom de Tom Zé
Ele chegou de saia e palitó. Rolou no chão, xingou o ex-presidente americano George Bush, brincou de maestro com o público e fez a diferença na noite de encerramento da SBPC Cultural. A irreverência de Tom Zé na cerca de uma hora e meia de show no palco montado na Praça Cívica da UFRN foi maior que a chuva teimosa da noite de sexta-feira, 30, último dia da 62ª Reunião Anual da SBPC.
O repértorio, que incluiu clássicos da carreira do cantor - como Dói, do disco Estudando Samba (1974) - também contou com homenagens, como uma interpretação de 2001, de Rita Lee. "Ela só faltou chorar de tanta vontade que tinha de estar aqui", disse ele sobre a amiga e ex-Mutantes. A chuva espantou parte do público esperado para o encerramento. Mas quem enfrentou a água aprovou.
"O show e toda programação foram maravilhosos", comemorou o estudante de Geografia da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), em Ilhéus (BA), Alan Azevedo. Depois de Tom Zé, o grupo regional Pau e Lata ainda fez o público dançar por mais uma hora com uma batucada diferenciada em latas de tinta e bujões de gás.
sexta-feira, 30 de julho de 2010
62ª SBPC reuniu 12 mil pessoas. Especialistas apontam desafios para as Ciências do Mar.
Doze mil inscritos dos 26 estados brasileiros mais o Distrito Federal na programação oficial, 15 mil visitantes por dia, 11 mil estudantes do ensino básico ao longo da semana e muitos desafios para as Ciências do Mar. Esse é o saldo da 62ª Reunião Anual da SBPC, encerrada pelo ministro da Educação, Fernando Haddad, em cerimônia na noite desta sexta-feira, 30 de julho, no campus (foto) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).
"O balanço da reunião é muito positivo", afirma o presidente da SBPC, professor Marco Antônio Raupp. "Alcançar os quatro cantos do país com um dos maiores públicos dos últimos anos é uma vitória. Quanto maior o alcance, maior o impacto sobre a sociedade". A ExpoT&C, que reúne projetos vinculados ao governo federal, foi o setor que mais recebeu visitantes: média de 6 mil por dia. “São 30 mil na semana, entre estudantes, professores e cientistas”.
Raupp adianta que os preparativos para edição 2011 do encontro, que ocorrerá na Universidade Federal de Goiás (UFG) começam imediatamente. “Devemos ter como tema o Cerrado e o Pantanal”.
Apesar do sucesso na organização, especialistas apontam desafios para os estudos do mar no Brasil, tema do encontro e ponto de debate em 53 das 159 conferências, mesas-redondas e simpósios realizados. O físico Edmo Campos, professor do Instituto Oceanográfico, da Universidade de São Paulo (IO-USP), alerta sobre a necessidade de um programa de observações e monitoramento para compreender as mudanças no Atlântico Sul.
“O Brasil precisa se preparar para as mudanças climáticas e os oceanos, que cobrem 70% da superfície da Terra, têm papel fundamental nesse processo”, explica. O especialista alerta sobre alguns impactos já constatados: aumento da temperatura média, alterações no padrão de circulação, aumento no nível médio e aumento da acidez. Outro ponto de alerta diz respeito à conservação da biodiversidade – em boa parte desconhecida – dos oceanos.
SOLUÇÕES - O contra-almirante Marcos José de Carvalho Ferreira, coordenador da Comissão Interministerial de Recursos do Mar (CIRM) propõe a aproximação das universidades, das empresas e dos governos com as atividades científicas desenvolvidas pelos centros de pesquisa da Marinha. “É preciso popularizar a ciência, as tecnologias e inovações sobre os oceanos”, afirma ele, lembrando que 80% da população vive a menos de 200 km do mar.
No âmbito do incentivo às pesquisas, o professor Marco Antônio Raupp destaca a necessidade de uma Medida Provisória que estabeleça um regime jurídico especial para licitações e contratos realizados por Instituição Científica e Tecnológica (ICT) e Agência de Fomento. ”É preciso autorização para fazer compras e contratações com base em um regulamento próprio, elaborado à luz dos princípios constitucionais da administração pública”, observa.
Para fechar com chave de ouro um dos maiores eventos científicos da América Latina, cerca de 15 mil pessoas, segundo estimativa da Polícia Militar, devem assistir ao show do cantor compositor Tom Zé, na Praça Cívica da UFRN.
63ª SBPC será em Goiás
A Universidade Federal de Goiás (UFG) vai abrigar a 63ª Reunião Anual da SBPC, em julho de 2011. O tema do encontro ainda não está definido. Mas o presidente da Sociedade, professor Marco Antônio Raupp, adianta que a programação deverá priorizar questões relacionadas aos biomas do Cerrado e Pantanal. "Esta é uma linha que adotamos nas duas últimas edições - Manaus (Amazônia) e Natal (Ciêncas do Mar)", afirma. "Entendemos que a preservação e o conhecimento sobre os ecossistemas brasileiros estão entre os principais desafios para ciência e, consequentemente, para o desenvolvimento do país", completa o físico.
Novas perguntas para o século XXI
Novas respostas só surgem com novas perguntas. A afirmação, por mais óbvia que pareça, representa o princípio do plano de governo da candidata à Presidência da República Marina Silva (PV). "No século XX tínhamos a matriz energética fundamentada no petróleo, carvão e gás", disse. "Para o século XXI temos que mudar para a biomassa, a hidrelétrica e a celulose".
Convidada para debate na 62ª Reunião Anual da SBPC, nesta sexta-feira, 30, a ex-senadora e ex- ministra do Meio Ambiente destacou o papel da ciência para apresentar respostas aos questionamentos contemporâneos. "Não basta vontade política. É preciso conhecimento de ponta para adotar um modelo de desenvolvimento sustentável", afirmou ela, diante do público que lotou o auditório da Reitoria da UFRN.
Marina destacou a função da ciência de quebrar paradigmas. "Não podemos mais ser um país produtor de carbono e que preze pelo desenvolvimento a qualquer custo". Para a ex-seringueira, é preciso respeitar os recurso naturais. "Temos tecnologia para dobrar nossa produção sem derrubar um 'pé de mato'" observou. "Na Amazônia há uma média de um boi por hectare. Podemos ter dois no mesmo espaço", exemplificou.
A candidata destacou o potencial ambiental do país, que concentra 11% da água doce do planeta, 22% das espécies vivas e tem 60% de seu território coberto por florestas. "Para manter essa riqueza e dar exmplo ao mundo de um novo modelo de crescimento temos que usar toda inteligência concentrada aqui para ampliar a participação da ciência nesse processo".
PLEBISCITO - Marina prometeu ampliar os investimentos em educação dos atuais 5% do PIB para 7%. "Sei bem a necessidade do acesso a uma formação de qualidade do ensino infantil à universidade", declarou ela, que foi analfabeta até os 16 anos. Sobre temas polêmicos, como o aborto e a legalização da maconha, a ex-senadora defende um plebiscito.
Apesar de ser contrária ao casamento gay, Marina - que é evangélica da Assembleia de Deus - promete lutar por direitos dos homossexuais, como os benefícios assegurados por uma união estável. "Todo casal deve ter direitos como o acesso ao plano de sáude e à herança", exemplificou. O debate foi conduzido pelo presidente da SBPC, professor Marco Antônio Raupp.
A Justiça de Dionísio
O deus grego do vinho, das festas e da desinibição é a fonte de inspiração do Estado de Direito contemporâneo. Segundo a estudante da Universidade de Brasília Thalita Selvati Nobre Mendodnça, selecionada para expor sua pesquisa de iniciação científica na Sessão de Pôsters da 62ª SBPC, elementos ligados à Dionísio - como a criatividade e a sensibilidade - estão cada vez mais presentes na leis brasileiras.
O estudo do Departamento de Filosofia partiu do princípio de que a tradicional relação do Direito com o deus Apolo - da razão e a sistematização - não atende mais a demanda jurídica da atualidade. "Hoje as leis não podem considerar todos como iguais. Cada vez mais é preciso levar em consideração a individualidade de cada pessoa no aprimoramento da legislação", conta Nobre.
A pesquisadora exemplifica a mudança com a Lei Maria da Penha, que trata da punição para os agressores de mulheres. "Esse é um exemplo claro que atende a necessidade específica de um grupo: as mulheres que sofrem violência doméstica", comenta. A estudante de 25 anos ainda cita as políticas de cotas e os debates sobre a adoção e o casamento entre homossexuais como exemplos da influência dionisíaca nas leis.
"Essa transformação, por mais lenta que possa ocorrer, é necessária para quebrar paradigmas em um área tradicionalmente resistente às mudanças", diz. "A sensibilidade na criação e aplicação das leis cria uma diferença entre grupos que acaba levando a uma igualdade na garantia dos direitos de cada um", completa a estudante, autora do trabalho A Introdução da Sensibilidade no Estado de Direito.
quinta-feira, 29 de julho de 2010
Pesquisadora descobre quatro espécies de moluscos a mil metros de profundidade
As profundezas dos oceanos guardam segredos. A mais de mil metros de profundidade vivem animais que fogem ao limite da imaginação humana. Quatro deles, no entanto, acabam de ser descobertos pela zoóloga Inês Xavier Martins, da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA), em Mossoró (RN). São espécies de moluscos da classe Aplacophora.
O trabalho foi apresentado nesta quinta-feira ,29, na mesa-redonda Diversidade Marinha: Novas Fronteiras para a Malacologia, na 62ª Reunião Anual da SBPC.
Com variação entre 2 mm e 140 mm de comprimento, esses animais estão na base da evolução do filo Mollusca. Ao contrário dos parentes caramujos, não desenvolveram concha. Ranhuras pelo corpo indicam um mecanismo precursor de pés. “São espécies primitivas, jamais identificadas na costa brasileira e que, agora, temos a oportunidade de conhecer”, explica a pesquisadora, que descreve os animais em sua tese pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB).
As quatro espécies identificadas em 2008 só ocorrem no litoral Sul e Sudeste do Brasil. A saga para encontrar os bichos de corpo vermiforme e com espículas calcárias – tipo de estrutura de sustentação – conta com a ajuda de programas de pesquisa em águas profundas, com os da Petrobras. “A coleta ocorre com uma caixa que desce até o fundo do mar e trás sedimentos e pequenos animais para estudo”, explica Inês.
Depois de capturados, começa a luta para encontrar os moluscos em meio aos sedimentos marinhos. “Passo horas com uma pinça separando grão de areia por grão de areia”, conta. A professora explica que para abrir o corpo e conhecer a estrutura fisiológica dos minúsculos animais só com a ajuda de lupas, microscópios e objetos cirúrgicos específicos. “Existe um macho e uma fêmea e a reprodução é feita com o lançamento dos gametas na água”.
PROTEÇÃO – No mundo existem cerca de 200 espécies de Aplacophora descritas. No Brasil, houve um registro de quatro espécies em 1994. Inês defende a importância de conhecer esses animais para a proteção da biodiversidade e dos ecossistemas da costa brasileira. “Por mais que pareçam insignificantes esses moluscos são parte de um sistema maior, que depende de cada indivíduo para se manter estável. Conhecer seus hábitos é saber como protegê-los”, afirma.
Os moluscos brasileiros, ainda não descritos na literatura, pertencem aos gêneros Falcidens, Chaetoderma, Lepoderma e Prochaetoderma.
O trabalho ainda não foi publicado. O levantamento taxonômico das espécies deve chegar ao conhecimento do grande público no início de 2011. “São grupos de difícil acesso sobre os quais se sabe muito pouco”, conta Inês. Apaixonada pelos “bichinhos” – que chegam a ser menores que metade de uma unha do dedo mindinho – a professora é uma das poucas que se dedicam ao estudo da classe no país.
A ciência do encontro
A "ciência do encontro" também faz parte da programação das cerca de 10 mil pessoas que circulam pela 62ª Reunião Anual da SBPC. Sotaques e mais sotaques chegam aos ouvidos em uma curta caminhada pelo campus da UFRN. O "x" do carioca, o "r" do goiano, o "meu" do paulista, o "visse" do natalense.
Um dos principais pontos de interação são os varais que seguram os 5.143 painéis de estudantes de graduação e pós-graduação. Distribuídos pela universidade, apertadinhos um ao lado do outro, é ali, entre uma apresentação e outra da Sessão de Pôsters, que o Brasil conhece o Brasil. "Já fiz amizades demais", comenta o estudante de Odontologia da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Kléber Peixoto.
Os encontros também ocorrem na Praça Cívica, nos auditórios, debaixo das árvores, na roda de capoeira, nos bancos espalhados pelo campus. "É tanta coisa, tanta gente que fica até difícil de acompanhar. Está ótimo", comemora a aluna de História da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Izabela Alves (D), ao lado dos amigos Rafael Campos e Clênia Gonçalves (foto).
O fogo que alimenta o Cerrado
As queimadas estimulam a floração e a frutificação de algumas espécies de gramíneas no Cerrado. A conlusão é parte da pesquisa de iniciação científica da estudante de Biologia da UnB Gabriela Teixeira, um dos destaques da Sessão de Pôsters da 62ª Reunião Anual da SBPC desta quinta-feira, 29 de julho.
O trabalho analisou o comportamento da vegetação no Campo Sujo - tipo de
Cerrado onde predominam as gramíneas - na Reserva Ecológica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). E levou em conta queimadas realizadas em junho e setembro de 2008, período de seca. "O fogo estimulou a floração de pelo menos três espécies".
São elas: Elionurus Muticus, Leptocoyphium Lanctum e Axonopus marginatus.
Gabriela explica que o fenômeno ocorre pela interferência das altas temperaturas no ciclo de maturação das plantas. A jovem de 23 anos afirma que a ação controlada do fogo no Cerrado é fundamental para a formação do bioma. "É difícil classificar como benéfico ou maléfico, mas o Cerrado não seria o Cerrado como é hoje se não fossem as queimadas", observa ela, que participa pela 1ª vez da SBPC.
As cores da Guernica Nordestina
Um show de cores amplia a beleza do prédio da Reitoria da UFRN depois do pôr-do-sol na capital potiguar. Inaugurado em 21 de maio de 1979, o edifício abriga os principais eventos da 62ª Reunião Anula da SBPC, que segue até sexta-feira, 30. Foi lá, por exemplo, que ocorreu a palestra como o homenageado Aziz Ab'Saber e que está prgramado os deabates com os candidatos à Presidência da República nas eleições 2010.
O destaque do lugar é um grande painel esculpido pelo artista plástico Manxa em fevereiro de 1979. Batizado de Guernica Nordestina, a obra que adorna a fachada do edifício apresenta um sol cercado por formas humanas em sofrimento. O trabalho, restaurado em 1994, se inspira da tela Guernica, pintada por Pablo Picasso em 1937 - baseada no bombardeio sofrido pela cidade espanhola de mesmo nome por aviões alemães.
Fechando a composição da Reitoria, um espelho d'água reflete as luzes do sol, da lua e dos refletores que alternam a coloração da água. A jangada que aparece na foto faz parte do projeto de extensão da UFRN Jangadeiros. A iniciativa busca melhorar as condições de trabalho e a qualidade de vida de 42 pescadores da praia de Ponta Negra, um dos principais pontos turísticos de Natal.
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