sábado, 31 de julho de 2010

Próxima parada: Goiás

A UnB Agência encerra aqui a cobertura da 62ª Reunião Anual da SBPC, que ocorreu de 25 a 30 de julho, no campus da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Agradecemos a todos que colaboraram e acompanharam essa viagem pelo mundo da ciência, da cultura e pelos bastidores de um dos maiores eventos científicos da América Latina, que teve como tema Ciências do Mar: Herança para o Futuro.

A próxima parada ocorre em julho de 2011, na Universidade Federal de Goiás (UFG).

Até lá!

No tom de Tom Zé


Ele chegou de saia e palitó. Rolou no chão, xingou o ex-presidente americano George Bush, brincou de maestro com o público e fez a diferença na noite de encerramento da SBPC Cultural. A irreverência de Tom Zé na cerca de uma hora e meia de show no palco montado na Praça Cívica da UFRN foi maior que a chuva teimosa da noite de sexta-feira, 30, último dia da 62ª Reunião Anual da SBPC.

O repértorio, que incluiu clássicos da carreira do cantor - como Dói, do disco Estudando Samba (1974) - também contou com homenagens, como uma interpretação de 2001, de Rita Lee. "Ela só faltou chorar de tanta vontade que tinha de estar aqui", disse ele sobre a amiga e ex-Mutantes. A chuva espantou parte do público esperado para o encerramento. Mas quem enfrentou a água aprovou.

"O show e toda programação foram maravilhosos", comemorou o estudante de Geografia da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), em Ilhéus (BA), Alan Azevedo. Depois de Tom Zé, o grupo regional Pau e Lata ainda fez o público dançar por mais uma hora com uma batucada diferenciada em latas de tinta e bujões de gás.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

62ª SBPC reuniu 12 mil pessoas. Especialistas apontam desafios para as Ciências do Mar.


Doze mil inscritos dos 26 estados brasileiros mais o Distrito Federal na programação oficial, 15 mil visitantes por dia, 11 mil estudantes do ensino básico ao longo da semana e muitos desafios para as Ciências do Mar. Esse é o saldo da 62ª Reunião Anual da SBPC, encerrada pelo ministro da Educação, Fernando Haddad, em cerimônia na noite desta sexta-feira, 30 de julho, no campus (foto) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

"O balanço da reunião é muito positivo", afirma o presidente da SBPC, professor Marco Antônio Raupp. "Alcançar os quatro cantos do país com um dos maiores públicos dos últimos anos é uma vitória. Quanto maior o alcance, maior o impacto sobre a sociedade". A ExpoT&C, que reúne projetos vinculados ao governo federal, foi o setor que mais recebeu visitantes: média de 6 mil por dia. “São 30 mil na semana, entre estudantes, professores e cientistas”.

Raupp adianta que os preparativos para edição 2011 do encontro, que ocorrerá na Universidade Federal de Goiás (UFG) começam imediatamente. “Devemos ter como tema o Cerrado e o Pantanal”.

Apesar do sucesso na organização, especialistas apontam desafios para os estudos do mar no Brasil, tema do encontro e ponto de debate em 53 das 159 conferências, mesas-redondas e simpósios realizados. O físico Edmo Campos, professor do Instituto Oceanográfico, da Universidade de São Paulo (IO-USP), alerta sobre a necessidade de um programa de observações e monitoramento para compreender as mudanças no Atlântico Sul.

“O Brasil precisa se preparar para as mudanças climáticas e os oceanos, que cobrem 70% da superfície da Terra, têm papel fundamental nesse processo”, explica. O especialista alerta sobre alguns impactos já constatados: aumento da temperatura média, alterações no padrão de circulação, aumento no nível médio e aumento da acidez. Outro ponto de alerta diz respeito à conservação da biodiversidade – em boa parte desconhecida – dos oceanos.

SOLUÇÕES - O contra-almirante Marcos José de Carvalho Ferreira, coordenador da Comissão Interministerial de Recursos do Mar (CIRM) propõe a aproximação das universidades, das empresas e dos governos com as atividades científicas desenvolvidas pelos centros de pesquisa da Marinha. “É preciso popularizar a ciência, as tecnologias e inovações sobre os oceanos”, afirma ele, lembrando que 80% da população vive a menos de 200 km do mar.

No âmbito do incentivo às pesquisas, o professor Marco Antônio Raupp destaca a necessidade de uma Medida Provisória que estabeleça um regime jurídico especial para licitações e contratos realizados por Instituição Científica e Tecnológica (ICT) e Agência de Fomento. ”É preciso autorização para fazer compras e contratações com base em um regulamento próprio, elaborado à luz dos princípios constitucionais da administração pública”, observa.

Para fechar com chave de ouro um dos maiores eventos científicos da América Latina, cerca de 15 mil pessoas, segundo estimativa da Polícia Militar, devem assistir ao show do cantor compositor Tom Zé, na Praça Cívica da UFRN.

63ª SBPC será em Goiás



A Universidade Federal de Goiás (UFG) vai abrigar a 63ª Reunião Anual da SBPC, em julho de 2011. O tema do encontro ainda não está definido. Mas o presidente da Sociedade, professor Marco Antônio Raupp, adianta que a programação deverá priorizar questões relacionadas aos biomas do Cerrado e Pantanal. "Esta é uma linha que adotamos nas duas últimas edições - Manaus (Amazônia) e Natal (Ciêncas do Mar)", afirma. "Entendemos que a preservação e o conhecimento sobre os ecossistemas brasileiros estão entre os principais desafios para ciência e, consequentemente, para o desenvolvimento do país", completa o físico.

Novas perguntas para o século XXI


Novas respostas só surgem com novas perguntas. A afirmação, por mais óbvia que pareça, representa o princípio do plano de governo da candidata à Presidência da República Marina Silva (PV). "No século XX tínhamos a matriz energética fundamentada no petróleo, carvão e gás", disse. "Para o século XXI temos que mudar para a biomassa, a hidrelétrica e a celulose".

Convidada para debate na 62ª Reunião Anual da SBPC, nesta sexta-feira, 30, a ex-senadora e ex- ministra do Meio Ambiente destacou o papel da ciência para apresentar respostas aos questionamentos contemporâneos. "Não basta vontade política. É preciso conhecimento de ponta para adotar um modelo de desenvolvimento sustentável", afirmou ela, diante do público que lotou o auditório da Reitoria da UFRN.

Marina destacou a função da ciência de quebrar paradigmas. "Não podemos mais ser um país produtor de carbono e que preze pelo desenvolvimento a qualquer custo". Para a ex-seringueira, é preciso respeitar os recurso naturais. "Temos tecnologia para dobrar nossa produção sem derrubar um 'pé de mato'" observou. "Na Amazônia há uma média de um boi por hectare. Podemos ter dois no mesmo espaço", exemplificou.

A candidata destacou o potencial ambiental do país, que concentra 11% da água doce do planeta, 22% das espécies vivas e tem 60% de seu território coberto por florestas. "Para manter essa riqueza e dar exmplo ao mundo de um novo modelo de crescimento temos que usar toda inteligência concentrada aqui para ampliar a participação da ciência nesse processo".

PLEBISCITO - Marina prometeu ampliar os investimentos em educação dos atuais 5% do PIB para 7%. "Sei bem a necessidade do acesso a uma formação de qualidade do ensino infantil à universidade", declarou ela, que foi analfabeta até os 16 anos. Sobre temas polêmicos, como o aborto e a legalização da maconha, a ex-senadora defende um plebiscito.

Apesar de ser contrária ao casamento gay, Marina - que é evangélica da Assembleia de Deus - promete lutar por direitos dos homossexuais, como os benefícios assegurados por uma união estável. "Todo casal deve ter direitos como o acesso ao plano de sáude e à herança", exemplificou. O debate foi conduzido pelo presidente da SBPC, professor Marco Antônio Raupp.

A Justiça de Dionísio



O deus grego do vinho, das festas e da desinibição é a fonte de inspiração do Estado de Direito contemporâneo. Segundo a estudante da Universidade de Brasília Thalita Selvati Nobre Mendodnça, selecionada para expor sua pesquisa de iniciação científica na Sessão de Pôsters da 62ª SBPC, elementos ligados à Dionísio - como a criatividade e a sensibilidade - estão cada vez mais presentes na leis brasileiras.

O estudo do Departamento de Filosofia partiu do princípio de que a tradicional relação do Direito com o deus Apolo - da razão e a sistematização - não atende mais a demanda jurídica da atualidade. "Hoje as leis não podem considerar todos como iguais. Cada vez mais é preciso levar em consideração a individualidade de cada pessoa no aprimoramento da legislação", conta Nobre.

A pesquisadora exemplifica a mudança com a Lei Maria da Penha, que trata da punição para os agressores de mulheres. "Esse é um exemplo claro que atende a necessidade específica de um grupo: as mulheres que sofrem violência doméstica", comenta. A estudante de 25 anos ainda cita as políticas de cotas e os debates sobre a adoção e o casamento entre homossexuais como exemplos da influência dionisíaca nas leis.

"Essa transformação, por mais lenta que possa ocorrer, é necessária para quebrar paradigmas em um área tradicionalmente resistente às mudanças", diz. "A sensibilidade na criação e aplicação das leis cria uma diferença entre grupos que acaba levando a uma igualdade na garantia dos direitos de cada um", completa a estudante, autora do trabalho A Introdução da Sensibilidade no Estado de Direito.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Pesquisadora descobre quatro espécies de moluscos a mil metros de profundidade


As profundezas dos oceanos guardam segredos. A mais de mil metros de profundidade vivem animais que fogem ao limite da imaginação humana. Quatro deles, no entanto, acabam de ser descobertos pela zoóloga Inês Xavier Martins, da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA), em Mossoró (RN). São espécies de moluscos da classe Aplacophora.

O trabalho foi apresentado nesta quinta-feira ,29, na mesa-redonda Diversidade Marinha: Novas Fronteiras para a Malacologia, na 62ª Reunião Anual da SBPC.

Com variação entre 2 mm e 140 mm de comprimento, esses animais estão na base da evolução do filo Mollusca. Ao contrário dos parentes caramujos, não desenvolveram concha. Ranhuras pelo corpo indicam um mecanismo precursor de pés. “São espécies primitivas, jamais identificadas na costa brasileira e que, agora, temos a oportunidade de conhecer”, explica a pesquisadora, que descreve os animais em sua tese pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB).

As quatro espécies identificadas em 2008 só ocorrem no litoral Sul e Sudeste do Brasil. A saga para encontrar os bichos de corpo vermiforme e com espículas calcárias – tipo de estrutura de sustentação – conta com a ajuda de programas de pesquisa em águas profundas, com os da Petrobras. “A coleta ocorre com uma caixa que desce até o fundo do mar e trás sedimentos e pequenos animais para estudo”, explica Inês.

Depois de capturados, começa a luta para encontrar os moluscos em meio aos sedimentos marinhos. “Passo horas com uma pinça separando grão de areia por grão de areia”, conta. A professora explica que para abrir o corpo e conhecer a estrutura fisiológica dos minúsculos animais só com a ajuda de lupas, microscópios e objetos cirúrgicos específicos. “Existe um macho e uma fêmea e a reprodução é feita com o lançamento dos gametas na água”.

PROTEÇÃO – No mundo existem cerca de 200 espécies de Aplacophora descritas. No Brasil, houve um registro de quatro espécies em 1994. Inês defende a importância de conhecer esses animais para a proteção da biodiversidade e dos ecossistemas da costa brasileira. “Por mais que pareçam insignificantes esses moluscos são parte de um sistema maior, que depende de cada indivíduo para se manter estável. Conhecer seus hábitos é saber como protegê-los”, afirma.

Os moluscos brasileiros, ainda não descritos na literatura, pertencem aos gêneros Falcidens, Chaetoderma, Lepoderma e Prochaetoderma.

O trabalho ainda não foi publicado. O levantamento taxonômico das espécies deve chegar ao conhecimento do grande público no início de 2011. “São grupos de difícil acesso sobre os quais se sabe muito pouco”, conta Inês. Apaixonada pelos “bichinhos” – que chegam a ser menores que metade de uma unha do dedo mindinho – a professora é uma das poucas que se dedicam ao estudo da classe no país.

A ciência do encontro


A "ciência do encontro" também faz parte da programação das cerca de 10 mil pessoas que circulam pela 62ª Reunião Anual da SBPC. Sotaques e mais sotaques chegam aos ouvidos em uma curta caminhada pelo campus da UFRN. O "x" do carioca, o "r" do goiano, o "meu" do paulista, o "visse" do natalense.

Um dos principais pontos de interação são os varais que seguram os 5.143 painéis de estudantes de graduação e pós-graduação. Distribuídos pela universidade, apertadinhos um ao lado do outro, é ali, entre uma apresentação e outra da Sessão de Pôsters, que o Brasil conhece o Brasil. "Já fiz amizades demais", comenta o estudante de Odontologia da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Kléber Peixoto.

Os encontros também ocorrem na Praça Cívica, nos auditórios, debaixo das árvores, na roda de capoeira, nos bancos espalhados pelo campus. "É tanta coisa, tanta gente que fica até difícil de acompanhar. Está ótimo", comemora a aluna de História da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Izabela Alves (D), ao lado dos amigos Rafael Campos e Clênia Gonçalves (foto).

O fogo que alimenta o Cerrado


As queimadas estimulam a floração e a frutificação de algumas espécies de gramíneas no Cerrado. A conlusão é parte da pesquisa de iniciação científica da estudante de Biologia da UnB Gabriela Teixeira, um dos destaques da Sessão de Pôsters da 62ª Reunião Anual da SBPC desta quinta-feira, 29 de julho.

O trabalho analisou o comportamento da vegetação no Campo Sujo - tipo de
Cerrado onde predominam as gramíneas - na Reserva Ecológica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). E levou em conta queimadas realizadas em junho e setembro de 2008, período de seca. "O fogo estimulou a floração de pelo menos três espécies".

São elas: Elionurus Muticus, Leptocoyphium Lanctum e Axonopus marginatus.

Gabriela explica que o fenômeno ocorre pela interferência das altas temperaturas no ciclo de maturação das plantas. A jovem de 23 anos afirma que a ação controlada do fogo no Cerrado é fundamental para a formação do bioma. "É difícil classificar como benéfico ou maléfico, mas o Cerrado não seria o Cerrado como é hoje se não fossem as queimadas", observa ela, que participa pela 1ª vez da SBPC.

As cores da Guernica Nordestina


Um show de cores amplia a beleza do prédio da Reitoria da UFRN depois do pôr-do-sol na capital potiguar. Inaugurado em 21 de maio de 1979, o edifício abriga os principais eventos da 62ª Reunião Anula da SBPC, que segue até sexta-feira, 30. Foi lá, por exemplo, que ocorreu a palestra como o homenageado Aziz Ab'Saber e que está prgramado os deabates com os candidatos à Presidência da República nas eleições 2010.

O destaque do lugar é um grande painel esculpido pelo artista plástico Manxa em fevereiro de 1979. Batizado de Guernica Nordestina, a obra que adorna a fachada do edifício apresenta um sol cercado por formas humanas em sofrimento. O trabalho, restaurado em 1994, se inspira da tela Guernica, pintada por Pablo Picasso em 1937 - baseada no bombardeio sofrido pela cidade espanhola de mesmo nome por aviões alemães.

Fechando a composição da Reitoria, um espelho d'água reflete as luzes do sol, da lua e dos refletores que alternam a coloração da água. A jangada que aparece na foto faz parte do projeto de extensão da UFRN Jangadeiros. A iniciativa busca melhorar as condições de trabalho e a qualidade de vida de 42 pescadores da praia de Ponta Negra, um dos principais pontos turísticos de Natal.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

UnB pesquisa pomada para curar Leishmaniose tópica em humanos


Pesquisa da Universidade de Brasília está prestes a descobrir a cura para a Leishmaniose tópica em humanos. O trabalho chefiado pela professora Laila Salmen Espindola, coordenadora do Laboratório de Farmacognosia da UnB, foi um dos destaques da 62ª Reunião Anual da SBPC nesta quarta-feira, 28 de julho.

“Estudos preliminares apontam que é possível desenvolver um tipo de pomada que elimine os parasitas e fungos nas feridas de pele”, afirma a pesquisadora.

A Leishmaniose atinge 350 milhões de pessoas em 80 países, segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS). Com alto índice de mortalidade, a doença transmitida ao homem pela picada do mosquito flebotomíneo pode se manifestar de duas formas: visceral ou tópica. “Na tópica o paciente apresenta feridas na pele, que concentram o parasita causador e fungos”, explica Laila Espindola, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Farmacognosia.

A matéria prima do estudo, iniciado a cerca de um ano, são os chamados fungos endofíticos (que habitam folhas). Especialista em identificar matérias-primas para a produção de medicamentos, Laila explica que esses organismos apresentam propriedades terapêuticas raras. “Conseguimos isolar substâncias produzidas por esses fungos que eliminam os parasitas e fungos presentes nas feridas causadas pela Leishmaniose”, conta a professora da UnB.

O objetivo da pesquisa é chegar a uma espécie de pomada que cure as feridas. “Os estudos estão em fase preliminar com animais de laboratório. Mas temos fortes indícios da viabilidade de desenvolver o produto para os humanos”, acredita. Hoje, o tratamento da Leishmaniose depende da ingestão de medicamentos caros e com alto efeito tóxico. “Uma pomada tornaria a cura mais acessível, além de menos prejudicial ao paciente”, destaca a pesquisadora.

CERRADO – Laila e sua equipe fazem do Cerrado brasileiro uma extensão do laboratório. É na mata retorcida que o grupo formado por estudantes, mestres e doutores coleta os fungos para a pesquisa. “Já coletamos 17 espécies de plantas, das quais isolamos 48 fungos para a produção de extratos brutos fúngicos”, enumera. São esses extratos que prometem curar, em futuro próximo, o mal que representa a terceira maior causa de infecção em pacientes soropositivos que apresentam forte baixa imunológica.

Participaram ainda da mesa-redonda Biodiversidade e Farmacognosia: Plantas, Micro-Organismos e Animais a professora Maique Weber Biavatti (UFSC) e o professor Roberto Gomes de Souza Berlinck (USP).

FRASE DO DIA

"Eu ach... já me disseram que eu não posso falar 'eu acho', mas eu esqueço"

Dilma Roussef, candidata à Presidência da República, em discurso na 62ª SBPC.

Dilma promete 2% do PIB para C & T


O Brasil investe cerca de 1,3% do Produto Interno Bruto (PIB) em Ciência e Teconologia. Caso eleita, a cadidata à Presidência da República Dilma Roussef (PT) promete ampliar esses investimentos para a casa dos 2%. "Um projeto nacional com inclusão social e sustentabilidade só pode ser efetivado com investimentos massivos em pesquisas e na sua aplicação em benefício dos 190 milhões de brasileiros".

Ovacionada pelo público que disputou cada centímetro vazio do auditório da Reitoria da UFRN, a ex-ministra destacou algumas metas de seu programa para a área de C & T. Entre elas, a criação de 450 novos intitutos tecnológicos - que deverão operar em parceria com universidades e o setor privado -, ampliação do número de mestres e doutores formados de 50 mil para 200 mil por ano, do número de bolsas e patentes e a independência do Brasil em relação à energia nuclear.

Acompanhada pelo candidato a vice, Michel Temer, Dilma destacou a necessidade do casamento entre C & T e Educação. "Para estar na vanguarda da produção de conhecimento precisamos de uma política educacional que vá da creche à pós-graduação", comentou. A candidata, que falou durante uma hora meia de debate, também prometeu fazer "o possível e o impossível" para aumentar os salários dos professores da educação básica. "Sem salário digno, não ha desenvolvimento".

A maior parte do tempo de pé, Dilma ainda ressaltou a necessidade de mudar o paradigma da transferência tecnológica no Brasil. "Durante muito tempo se pensou em transferência como a instalação de empresas internacionais aqui", afirmou. "É justamento o contrário. E se quisermos ampliar nossa capacidade na área, precisamos de mestres e doutores preparados para desenvolver tecnologia brasileira", completou.

SOBERANIA - Roussef destacou ações do governo Lula na área de C & T, como o PAC que destinou R$ 41 bilhões para o setor entre 2007 e 2010. E garantiu que usará o modelo adotado pelo atual presidente como base para sua possível gestão. "A erradicação da miséria no Brasil é o meu principal obetivo. E sem o conhecimento da ciência para a geração de renda e melhorias para os que mais precisam não conseguiremos uma nação soberana e de todos".

A representante do PT recebeu uma carta das mãos do presidente da SBPC, Marco Antônio Raupp, com sugestões da Sociedade para seu programa de governo. Entre os principais pontos estão uma revolução na educação e a conservação dos recursos naturais, principalemnte do mar e da Amazônia brasileira.

Descobrindo segredos


A cadeira gira em torno do próprio eixo. Sentado nela, com um peso de dois quilos em cada mão, Jhefferson Rodrigo Soares está com os objetos junto ao peito. A velocidade se mantém até que o jovem natalense de 17 anos abre os braços. De repente, a cadeira freia e a rapidez de outrora se torna vagarosa. Mas basta fechar os braços novamente para recuperar a velocidade estonteante. Mas por que isso acontece?

Ajudar crianças e jovens a desvendar os segredos da ciência de uma forma interativa é o objetivo da SBPC jovem. Na 62ª Reunião Anual, o evento, voltado para estudantes dos ensinos fundamental e médio, reúne 11 centros e museus de ciência de todo o país. "A velocidade está ligada ao tamanho da circunferência que os pesos descrevem no ar", explica o monitor da SBPC Jovem Jorge Henrique Targino.

"Se os braços estão abertos, o raio do círculo é maior e, por isso, demora mais tempo para dar a volta completa", traduz o estudante de Ciência e Tecnologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Com o sorriso no rosto, Jheffereson sai da cadeira desorientado. Mas feliz com a descoberta. "Nunca vi uma feira como essa. Achei demais desvendar esses segredos", comemora o aluno do 1º ano.

Dilma e Marina na SBPC

A ex-ministra da Casa Civil Dilma Roussef (PT) confirmou presença no Encontro com os Candidatos à Presidência da República, marcado para o meio dia desta quarta-feira, 28 de julho, como parte da programação da 62ª SBPC.

No debate, que deve durar cerca de uma hora, a aspirante ao Planalto vai apresentar seu plano de governo na área de Ciência e Tecnologia e responder perguntas do público que promete lotar o auditório da Reitoria da UFRN.

Na sexta-feira, 30 de julho, nos mesmos horário e local, é a vez da ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva (PV). A ambientalista também apresentará suas propostas e passará pela sabatina.

Já o tucano José Serra (PSDB) justificou a ausência na Reunião Anual por problemas de agenda, segundo informações da assessoria de imprensa da SBPC.

Acompanhe os destaques dos encontros aqui no blog da UnB Agência.

terça-feira, 27 de julho de 2010

Especialistas defendem piso de R$ 4 mil para professores da educação básica até 2014


Piso de R$ 4mil para os professores da educação básica brasileira – do ensino infantil ao médio – até 2014. Essa é uma das metas que o Conselho da SBPC vai propor aos candidatos à presidência da república em 2010. Hoje, o piso gira em torno de R$ 1 mil. “O professor deve ter o maior salário do funcionalismo público. Não menos que um delegado ou um diplomata”, afirma o conselheiro e docente da UnB, Isaac Roitman (camisa azul na foto).

Os números são um alerta. De cada 100 crianças que ingressam no ensino fundamental brasileiro, apenas 53 concluem os oito anos de estudo. E só 37 chegam ao fim do ensino médio. Levantamento do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) revela ainda que o total de 70.507 professores formados em 2007 no Brasil representa uma queda de 4,5% em relação ao ano anterior e de 9,3% se comparado a 2005.

O pacote apresentado pelo biólogo Isaac Roitman na mesa-redonda Educação Brasileira: A Inflexão Necessária ainda inclui a violência, a evasão e a depredação escolar, a falta de estrutura de trabalho e os baixos salários dos docentes do país. “A desvalorização e a má formação dos professores está na raiz desses problemas”, explica. “Sem falar em equívocos como avaliações que são um fim e não um meio para a aprendizagem”.

MUTIRÃO - Para o pesquisador, a mudança exige um plano de educação que se torne política de Estado. “Vamos buscar o comprometimento dos candidatos para atingir esse salto qualitativo nas escolas”, observa. Roitman ainda sugere o envolvimento de toda a sociedade em um mutirão educacional. “É preciso fazer uma mobilização como a da Copa do Mundo”, aponta. “Colocar a educação na consciência das pessoas é só o início”.

Participaram do debate os professore das universidades de São Paulo (USP) Nilson José Machado e da Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Fernando Becker.

A jornada de Jorgemar


São 14h por dia. Das 8h às 22h, 23h. Mas a jornada de Jorgemar de Oliveira tem prazo de validade: até a próxima sexta-feira, 30 de julho, último dia da 62ª Reunião Anual da SBPC. O natalense de 20 anos é o responsável pela venda dos churros que adoçam a boca do público que circula pela praça de alimentação montada ao lado da Praça Cívica da UFRN.

Tem de chocolate e doce de leite. São R$ 2 cada. O jovem garante que, dos cerca de 100 churros vendidos por dia, 50% são de um e 50% são do outro. "O pessoal gosta dos dois". Ele mesmo não é muito chegado à iguaria oleosa. "Acho muito doce", explica. Mesmo assim, o rapaz assume que come uns três por dia para "passar o tempo".

O trabalho no carrinho prateado de letras vermelhas é um 'bico'. "Gosto do clima daqui. Tem muita gente jovem", diz. "Mas quando acabar vou ter que correr atrás de outra coisa para garantir o do mês, né?", adianta Jorgemar, alinhado em seu jaleco branco de vendedor.

FRASE DO DIA

"Ciência é observação, interpretação e a busca dos métodos para se atingir os objetivos planejados".

Aziz Ab'Saber, geógrafo e homenageado da 62ª SBPC.

Aziz Ab’Saber critica novo Código Florestal



“O que estão fazendo em Brasília é uma estupidez”. O desabafo do geógrafo e um dos principais nomes do país em estudos sobre o meio ambiente, Aziz Ab’Saber, tem como alvo o relatório do deputado Aldo Rebelo (PCdoB) para o novo Código Florestal Brasileiro. Homenageado da 62ª SBPC, o professor de 86 anos falou na conferência Ciências e Aplicações de Ciências: A Importância do Planejamento.

O relatório aprovado pela Câmara dos Deputados em 6 de julho prevê uma série de medidas que, segundo Aziz, vão agravar o quadro de devastação dos ecossistemas brasileiros. “É um código a favor dos ruralistas. Uma irresponsabilidade diante da crescente necessidade de preservar os biomas”, afirmou. “Não precisamos de um 'Código Ruralista', mas, sim, de um 'Código da Biodiversidade'”, completou.

Ab'Saber enviou carta ao deputado sobre os riscos do afrouxamento das leis ambientais.

Leia carta de Aziz aqui.

Leia resposta de Aldo Rebelo aqui.

CRÍTICAS - Ex-presidente da SBPC, Aziz alerta sobre o fim da obrigatoriedade da Reserva Legal – mínimo de vegetação nativa em propriedades rurais – em áreas de até quatro módulos (de 20 a 440 hectares, dependendo da região do país). O pesquisador, aplaudido de pé pelas cerca de 250 pessoas que lotaram o auditório da Reitoria da UFRN também critica o perdão da dívida de crimes ambientais cometidos até a promulgação da nova lei, que deve ser levada ao plenário do Congresso Nacional após as eleições de outubro.

Impressão 3D a favor da medicina



Uma equação matemática solidificada. É isso que o estudante de Engenharia Civil, Kunihi Marques, da Universidade Federal de Goiás (UFG) segura nas mãos. A tecnologia de impressão em 3D, mais conhecida como “Prototipagem Rápida” ou ainda “Manufatura Rápida”, é um dos destaques do estande do Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer (CTI), de Campinas (SP), na Expotec na 62ª SBPC.

A tecnologia, há 10 anos pesquisada no Brasil, vai além de representações de um conjunto de equações numéricas. O engenheiro mecânico Marcelo Oliveira explica que, hoje, a materialização de formas a partir de arquivos geométricos digitais é um dos principais aliados dos médicos em cirurgias de alto risco. “É possível a reprodução detalhada de órgãos para estudo que não poderiam ser produzidos na modelagem convencional”, conta.

Segundo o pesquisador, existem cerca de 50 máquinas para impressão 3D no Brasil. Cinco delas no CTI. “Estamos desenvolvendo estudos para a fabricação da primeira máquina com tecnologia 100% brasileira”, adianta Oliveira.

Foto: Luiz Filipe Barcelos (UnB Agência)

Primeiro satélite será lançado do Brasil em 2012


A maquete do foguete Cyclone-4, exposta na Expotec da 62ª SBPC, tem 1,60m. A versão real do lançador de satélite, no entanto, atinge os 40m de comprimento e 200 toneladas. O gigante, fruto de uma parceria tecnológica entre o Brasil e a Ucrânia, deve ganhar o espaço em 2012. E o lançamento será feiro em terras brasileiras.

As obras da base de Alcântara (MA) já começaram. É de lá que o Brasil vai enviar para fora da Terra seu primeiro lançador de satélites. Os ucranianos ficam com a construção do lançador. Segundo o representante da binacional Alcântara Cyclone Space, André Barreto, um dos objetivos da parceria é trazer a tecnologia necessária para incluir o Brasil no mercado de lançadores de satélite.

Aproximadamente 300 lançamentos de versões anteriores ao Cyclone-4 (1, 2 e 3) já ocorreram na Europa.

"A transferência da tecnologia para que possamos desenvolver o nosso próprio foguete é parte do acordo internacional firmado entre os governos brasileiro e o ucraniano", conta. Com capacidade de carga de aproximadamente seis toneladas, o Cyclone-4 tem um custo total de US$ 500 milhões. Barreto destaca o papel das universidades na formação de recursos humanos para fortelecer a tecnologia espacial genuínamente nacional.

"A Universidade de Brasília e a Federal de Minas Gerais, hoje, lideram os novos cursos direcionados aos estudos acadêmicos na área espacial", comenta. "Com essas parcerias, creio que podemos pensar na construção de um foguete 100% brasileiro em um futuro não muito distante", acredita o membro da Alcântara Cyclone Space, que tem sede na capital federal.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Veneno pode curar esclerose múltipla e câncer


Aranhas e escorpiões causam repulsa e medo na maioria do seres humanos. Também pudera, além das oito patas e da aparência pouco simpática alguns representantes desses aracnídeos carregam em seus corpos venenos que podem matar crianças ou adultos de saúde frágil em um curto espaço de tempo.

Mas em um futuro não muito distante, esses bichos hoje perseguidos como vilões podem representar a cura para doenças como o câncer e a esclerose múltipla - mal neurológico degenerativo que aftea 2,5 milhões de pessoas no mundo, segundo a Organização Mundial de Saúde.

É nisso que apostam os três pesquisadores convidados para o simpósio Biodiversidade e Biotecnologia de Venenos no Brasil, realizado nesta segunda-feira, 26 de julho, na 62ª SBPC. Entre eles, a coordenadora do Laboratório de Toxinologia do Instituto de Biologia da UnB, professora Elisabeth Nogueira Ferroni.

O bem que o veneno faz vem da ação das toxinas nos canais iônicos - proteína da mebrana celular responsável pela entrada de íons, como potássio (K) e sódio (Na), e fundamental para o bom funcionamento das células. "As toxinas se ligam ao canal e podem alterar o funcionamento da proteína, como blindar a entrada de K", explica. "Com isso, fica mais fácil compreender o funcionamento dos canais iônicos", completa.

CURA - O pulo do gato ocorre quando descobre-se que determinada peçonha inibe a proliferação de células indesejadas. "Estudos pré-clínicos já identificaram que o veneno de escorpiões e anêmonas - animal marinho com pequenos tentáculos - podem inibir o canal K1.3", afirma Ferroni. "E isso permite o controle de doençãs auto-imunes, como a esclerose múltipla", completa. O mesmo ocorre com o canal Herg. Mas, dessa vez, o veneno tende a combater células cancerígenas ou causadoras da arritmia cardíaca.

Segundo Elisabeth, as toxinas são uma das principais fontes de farmacos do planeta.

O professor da Universidade de São Paulo (USP), Wagner Ferreira dos Santos, explica que para transformar os avanços conquistados em laboratórios em benefícios reais para a população é preciso tempo. E investimento. "Antes de mais nada é necessário interesse por parte da indústria farmacêutica em fomentar o avanço das pesquisas". Segundo o biólogo, não é possível prever quanto tempo vai levar até o surgimento de um novo medicamento.

Também participou do simpósio o professor Paulo Beirão, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Pesca artesanal em extinção


A especulação imobiliária e a atividade de navios pesqueiros ameaçam a sobrevivência das cerca de 3 milhões de pessoas que hoje dependem da pesca artesanal na costa brasileira. A afirmação é do especialista em Pesca e Aquicultura da Universidade Federal Rural do Amazonas (UFRAM), Eduardo Tavares Paes, partcipante da conferência A Qualidade de Vida nas Comunidades Pesqueiras.

O debate, parte da Programação Científica da 62ª SBPC desta segunda-feira, 26 de julho, teve como apresentadora a professora do Departamento de Sociologia da UnB, Fernanda Sobral. Foi a primiera participação da univerdidade na reunião anual de 2010.

O pescador Jorge Nunes (foto), mais conhecido com Seu Chico, falou sobre a luta dos 180 pescadores de Itapuã, em Salvador (BA), para permanecer na área da praia. "Estamos resistindo contra os interesses dos empresários hoteleiros, que querem nos tirar de lá", comentou. Aos 52 anos, pai de um casal de pescadores, ele também falou sobre os navios pesqueiros. "Quando eles passam, não sobra nada".

Dissertação na área de Ergonomia - interações entre indivíduos e outros elementos de um sistema - da pesquisadora Cíntia Araújo, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), revela que, hoje, só 30% dos 42 pescadores da praia de Ponta Negra, em Natal, vivem exclusivamente da pesca. "Até pouco tempo todos viviam de pescados", ressaltou ela, destacando as interferências externas no desmantelo da comunidade.

Também participou da conferência o professor Roberto Kant de Lima, da Universidade Federal Fluminense (UFF).

foto: Luiz Filipe Barcelos/UnB Agência

Mamulengos na SBPC


Cassimiro Coco, Babau, João Redondo. Estes são alguns dos nomes pelos quais os mamulengos do nordeste são conhecidos. O mamulengo é o personagem principal desse tipo de teatro de bonecos muito popular nesta região. Podem ser feitos com madeira de Iburama ou Mulungu, mas alguns mestres brincantes também usam papel marche na confecção de bonecos. Este é o caso do falecido Mestre Chico Daniel, grande percursor dessa arte, que perpetuou o mamulengo como tradição nordestina, e serviu de inspiração para estes trabalhos expostos na 62ª SBPC.

foto: Luiz Filipe Barcelos (UnB Agência)

Governo vai subsidiar produção de carro elétrico


O presidente Lula deve anunciar um pacote de incentivos à produção científica e tecnológica até quarta-feira, 28 de julho. E um dos destaques serão as medidas para impulsionar a pesquisa e a produção do carro elétrico brasileiro. A notícia foi dada pelo ministro da Ciência e Tecnologia, Sergio Rezende, em coletiva na manhã desta segunda-feira, 26 de julho, primeiro dia da 62ª SBPC.

“O Ministério da Fazenda levantou uma série de incentivos fiscais para estimular as pesquisas e a produção industrial dos veículos elétricos”, adiantou o representante do governo federal. “O Brasil precisa entrar de vez na corrida por esse tipo de carro, que é parte de um novo paradigma energético”, completou. Rezende informou que, há um ano e meio, um grupo com cientistas, empresários e engenheiros debate a criação do veículo movido à bateria genuinamente brasileiro.

“Hoje já produzimos bateria para exportação. É preciso envolver e estimular as indústrias locais a desenvolver todas as etapas da criação no Brasil”, observou o ministro.

Foto: Luiz Filipe Barcelos (UnB Agência)

domingo, 25 de julho de 2010

A ciranda de Lia e o balanço de Baleiro


Nem só de Ciência e Tecnologia vive a SBPC.

A programação cultural da 62ª Reunião Anual também abriu as portas com chave de ouro na noite deste domingo, 25 de julho.

A cirandeira Lia de Itamaracá inaugurou o palco montado na Praça Cívica da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), por volta das 22h30. O show da mulher de pele negra e vestido colorido, que passeou pelo frevo e por canções de exaltação ao mar - tema do encontro - embalou as cerca de 12 mil pessoas que circularam pelo lugar, segundo estimativa da Polícia Militar.

O fim de noite chuvosa, mas nem por isso fria, ficou por conta do maranhense Zeca Baleiro. Como sucesso novos, como Toca Raul, e antigos, como Heavy Metal do Senhor, o compositor fez a multidão balançar o esqueleto mesmo debaixo de água.

A programação cultural continua diariamente durante a semana, com intervenções musicais, circenses, teatrais e de cultura regional. O encerramento fica por conta da irreverência de Tom Zé, na sexta-feira, 30 de julho.

Foto: Luiz Filipe Barcelos (UnB Agência)

R$ 800 milhões para C&T

A cerimônia de abertura da SBPC também foi marcada pela assinatura de documento sobre a liberação de R$ 800 milhões para editais que devem fortalecer as instiuições voltadas para pesquisa no país. Segundo o ministro de Ciência e Tecnologia, Sergio Rezende, os editais do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e a Finep (Financiadora de Estudos e Projetos) devem ser publicados nas próximas semanas.

"O Brasil perdeu o complexo de 'vira-lata'", afirmou. "Ciência e Tecnologia devem ser políticas de Estado. Um retrocesso nessas áreas, independente do governo que assuma, é inadmissível", completou o representante do governo federal sobre a disputa entre Dilma (PT) e Serra (PSDB) pelo Planalto.

Uma "Embrapa" para o mar, uma "Embrapa" para a Amazônia


A 62ª SBPC abriu as portas em cerimônia na noite deste domingo, 25 de julho.

E deu as boas vindas às cerca de 1,5 mil pessoas que lotaram o auditório do Centro de Convenções de Natal apontando caminhos para expandir os benefícios que a Ciência e a Tecnologia trazem para o país.

Para o presidente da SBPC, Marco Antônio Raupp, é necessário investir nos Institutos de Pesquisa. "As universidades hoje são os grandes produtores de conhecimento, mas também existe um comprometimento acadêmico nas instiuições de ensino superior", disse. "É preciso investir em institutos, por meio de parcerias público-privadas, que se dediquem exclusivamente à produção de ciência e à sua aplicação para o ganho econômico, social e ambiental", completou o físico.

Ele criticou a limitação dos investimentos científicos e tecnológicos brasileiros em três grandes áreas: agropecuária (Embrapa), petróleo (Petrobras) e aeronáutica (Embraer). "Essas já são áreas de sucesso, que concetram grandes investimentos", afirmou. "Precisamos de uma 'Embrapa' para o mar e uma 'Embrapa' para a Amazônia", exemplificou o professor.

No caminho


Raupp ainda destacou os avanços do Brasil na área de C&T nos últimos anos. Em 1998, os pesquisadores do país publicaram uma média de 2,8 mil artigos. Em 2008, o número subiu para 30 mil. "Hoje a Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) forma 35 mil mestres e 11 mil doutores por ano". O presidente da SBPC ainda destacou que o Brasil ocupa o 13º lugar no ranking da produção científica mundial, ultrapassando países como a Rússia e a Holanda. "Não podemos perder esse ritmo. E para isso é preciso expandir as áreas de investimento".

Foto: Luiz Filipe Barcelos (UnB Agência)

Acompanhe a UnB na 62ª SBPC

Confira a agenda dos 13 professores da Universidade de Brasília convidados para a Programação Científica da 62ª SBPC:

Segunda-feira, 26.
10h30
CONFERÊNCIA
A Qualidade de Vida das Comunidades Pesqueiras
Fernanda Sobral (apresentadora)

15h30
MESA REDONDA
Ética na Pesquisa com Seres Humanos: Avaliação e Propostas Relativas à Resolução CNS 196.96
Carla Costa Teixeira (participante)

O Que a Educação a Distância Pode Fazer Hoje para a Educação
Marcos Formiga (participante)

SIMPÓSIO
Biodiversidade e Biotecnologia de Venenos no Brasil
Elisabeth Nogueira Ferroni (participante)

Novos Direitos
Eneá de Stutz e Almeida (participante)

Terça-feira, 27
15h30
MESA REDONDA
Educação Brasileira: a Inflexão Necessária
Isaac Roitman (participante)

O Projeto como Investigação e Fonte de Conhecimentos Científicos em Arquitetura e Urbanismo
Frederico Rosa Borges de Holanda (participante)

Quarta-feira, 28
15h30
MESA REDONDA
Biodiversidade e Farmacognosia: Plantas, Microorganismos e Animais
Laila Salmen Spindola (participante)

Carta de Brasília: Repercussões na Formação e Intervenção Pedagógica
Dulce Maria Filgueira de Almeida Suassuna (coordenadora)

Desigualdades Sociais e Políticas Públicas
Marcelo Medeiros (participante)

SIMPÓSIO
Formação de Recursos Humanos em Áreas Estratégicas
Fernanda Sobral (participante)

18h
ENCONTROS
A Rota do Axé: Mar que Nos Une a África
Mario Lima Brasil (coordenador)

Quinta-feira, 29
9h
SIMPÓSIO
Acompanhar-se da Poesia
Gustavo de Castro (participante)

13h
CIÊNCIA EM EBULIÇÃO
A Questão das Cotas nas Universidades
José Jorge de Carvalho (participante)

Sexta-feira, 30
15h30
SIMPÓSIO
Eleições 2010
Maria Francisca Pinheiro Coelho (coordenadora)

Além dos docentes, 103 estudantes representarão a UnB com a exposição de trabalhos na Sessão de Posters. A programação dos painéis, no entanto, ainda não foi divulgada.

Chuva muda local da abertura


A previsão de chuva em Natal (RN) para a noite de domingo, 25 de julho, fez com que a cerimônia de abertura da 62ª SBPC fosse transferida da Praça Cívica da UFRN para o Centro de Convenções de Natal. O horário, segundo informações da assessoria de imprensa do evento, permanece o mesmo: 19h.

O presidente da SBPC, Marco Antonio Raupp, e o ministro da Ciência e Tecnologia, Sérgio Rezende participarão da solenidade.

Foto: Luiz Filipe Barcelos (UnB Agência)

A caminho de Natal


Sábado, 24 de julho, 21h40. O vôo 1210 de determinada empresa aérea poderia se chamar "o vôo da SBPC". Logo na fila de embarque, três amigas conversam preocupadas.

- Não tem vaga em lugar nenhum.
- O que a gente vai fazer?
- Vamos ter que contar com a sorte, mas o importante é chegar lá.

A preocupação é válida. Pousadas, hotéis e albergues ao redor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) estão lotadas. Além das cerca de 10 mil pessoas esperadas para a 62ª Reunião Anual, é férias.

Nas poltronas 27F e 27E um simpático casal de estudantes da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) está inquieto. Eles vão apresentar trabalhos premiados pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) na Sessão de Painéis.

Kethellin Galeno (foto), aluna da química, vai falar sobre o Sistema de Biodiesel Etílico do Óleo da Amêndoa de Tucumã (fruta amazônica). O trabalho, que já é aplicado para levar energia às comunidades isoladas do estado, será mostrado no dia 29.

Já Kauê Sousa (foto), da engenharia florestal, vai falar sobre a Temperatura Ótima de Germinação da Semente da Castanha da Amazônia no dia 26.

Imprevistos e nervosismos a parte, para a maioria dos jovens que voam rumo à capital potiguar a SBPC já começou.

sábado, 24 de julho de 2010

Tripulação a bordo!



Atenção navegantes,

Começa neste domingo, 25 de julho, uma viagem pelos mares da ciência e tecnologia.

Com o tema Ciências do Mar: Herança para o Futuro, a 62ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) vai reunir cientistas, estudantes e professores dos quatro cantos do Brasil e de outros países durante os próximos sete dias. Os encontros ocorrem em conferências, simpósios, mesas-redondas, oficinas e apresentações culturais na Universidade Federal do Rio Grande Norte (UFRN). Leia mais aqui.

A escolha do tema tem um objetivo: fomentar as pesquisas sobre o mar.

"Apesar de cobrir 70% da superfície terrestre, apenas 7% dos estudos científicos, hoje, são dedicados a desvendar os mistérios dos oceanos", afirma o biólogo e secretário-geral da SBPC, Aldo Malavasi.

A equipe da UnB Agência acompanhará os bastidores e os destaques da extensa programação, com foco nas atividades desenvolvidas pelos 103 alunos e 13 professores da UnB que participam da troca de conhecimento. E a participação dos leitores é muito bem vinda.

O barco só ancora em 30 de julho, às 18h, quando palestra do ministro da Educação, Fernando Haddad, encerra o evento.

Boa viagem!